Você já pesquisou uma receita nova na internet? E já assistiu a vídeos para saber como solucionar, você mesmo, algum problema doméstico ou profissional que envolvia a construção ou o conserto de objetos? Se você nunca fez isso, com certeza conhece alguém que já fez. Os vídeos e tutoriais Do It Yourself (DIY) ou Faça Você Mesmo são um grande sucesso na web e ajudam milhares de crianças e adultos a “colocar a mão na massa” e construir o próprio projeto.
Mas, ao contrário do que pode parecer à primeira vista, este não é apenas um movimento que acontece entre os usuários da web, e tem proporções muito maiores: pode, inclusive, ser um dos precursores da indústria 4.0. Isso porque a inovação, um dos elementos mais importantes da 4ª Revolução Industrial, envolve o desenvolvimento de ideias e protótipos. E, para estimular o surgimento de invenções e soluções diferenciadas, empresas, instituições e mesmo o poder público têm investido na construção e disponibilizações de laboratórios abertos e “espaços maker”, locais onde as pessoas podem trabalhar colaborativamente e ter acesso a equipamentos para prototipagem e construção de ideias inovadoras.
Os conceitos de Movimento Maker e Indústria 4.0 são relativamente novos, mas estão cada vez mais incorporados ao mercado de trabalho e à sociedade em geral, por isso, é importante trabalhar cada vez mais cedo a ideia de que as pessoas podem e devem exercer autonomia e criatividade na execução de projetos.
É por isso que as escolas mais modernas ao redor do globo estão adotando o Ensino Maker, que transporta esses conceitos para o ambiente escolar. Assim, as crianças aprendem por meio de uma metodologia que as incentiva a encontrar soluções e construir novas ideias, sempre com a mentoria e orientação do professor, por elas mesmas. A cultura maker valoriza a experimentação e o “aprender fazendo”, o que torna os alunos mais criativos, resolutivos, autônomos e mesmo empáticos, além de estimular a aprendizagem em grupo.
Por que uma escola com Ensino Maker?
Nos anos escolares iniciais é comum que as crianças sejam estimuladas a trabalhar com as próprias mãos. Atividades artísticas, construção de objetos, maquetes. O aprendizado passa pelas mãos dos pequenos, que, através das experiências sensoriais e da prática, descobrem o mundo e começam a desenvolver suas habilidades e capacidades iniciais.
Porém, ao avançar pelas séries seguintes, a teoria é priorizada no lugar da prática, o que envolve a realização de provas e propõe a assimilação de volumes imensos de conteúdos que são ministrados de forma, muitas vezes desinteressantes, o que faz com que estudantes se sintam desconectados da realidade e, muitas vezes, sem estímulo para aprender.
E é justamente com o objetivo de conectar o aluno à realidade cotidiana e do mercado de trabalho e torná-lo protagonista do próprio aprendizado que o Ensino Maker é uma das metodologias modernas que escolas de ponta vêm adotando na aprendizagem de seus alunos.
Ensino Maker acessível
Antes restrito a poucas e caras instituições de ensino particulares, o Ensino Maker também é praticado nas escolas da Rede Sesi de Educação no Espírito Santo. “Aulas teóricas estão sendo trocadas por atividades e projetos em laboratórios, que proporcionam uma experiência transdisciplinar e engajadora. O Sesi quer levar o movimento maker para dentro da sala de aula: das aulas de matemática e ciências às aulas de artes e educação física, possibilitando uma tecnologia mais acessível, podendo ser usada não apenas como ferramenta, mas como parte do processo e do conteúdo”, explica a diretora de educação do Sesi ES, Priscilla Carneiro.
Na Educação Maker o professor passa a ser o mediador e estimulador da aprendizagem, incentivando os alunos a “colocar a mão na massa”, possibilitando engajamento maior entre o aluno, os conceitos, o professor e a aprendizagem em si. O objetivo é estimular na criança o sentimento de “eu posso” ao construir brinquedos, objetos e afins com as próprias mãos, além de incentivá-lo a desenvolver soluções criativas e saber aproveitar os recursos disponíveis.
A metodologia, aplicada a todas as unidades da Rede Sesi a partir de 2019, será ministrada por professores e demais profissionais da equipe pedagógica após uma intensa jornada de imersão no conceito e visita a experiências bem-sucedidas, como o Espaço Maker do Sesi de Santa Catarina.
Pioneiro, o Sesi já desenvolve atividades e ministra disciplinas que estimulam o protagonismo dos alunos. É o caso das aulas de robótica, em que estudantes do ensino fundamental e médio participam ativamente da programação, montagem e controle de robôs.
Por Elaine Maximiniano