Setembro Amarelo
Daniel Libardi – Psicólogo Ocupacional do SESI
São tantas as causas sociais, que chega a faltar calendário para todas as cores que podem representar os movimentos sociais e da saúde global. Isso mostra o quanto a sociedade tem dado importância à saúde e segurança.
No mês de janeiro, a cor é branca estimulando o debate sobre a saúde mental. O abril é verde simbolizando a prevenção em segurança. E agora em setembro, a população e as Organizações se mobilizam então em prol da prevenção ao suicídio, simbolizando o mês com a cor amarela.
A alusão a esta cor vem de uma história marcante, quando em 1994, nos Estados Unidos, um jovem de 17 anos cometeu suicídio. Ele tinha clássico Mustang 68 amarelo e, no dia do seu velório, seus pais e amigos decidiram distribuir cartões amarrados em fitas amarelas com frases de apoio para pessoas que pudessem estar enfrentando problemas emocionais. O movimento se repercutiu em todo o mundo e hoje simboliza dessa forma a valorização da vida no movimento Setembro Amarelo.
A complexidade em abordar o tema ainda existe devido a um tabu. Muitos imaginam que o contato ou conhecimento sobre o suicídio poderia ser um fator influenciador do próprio ato suicida. Um grande engano! Por outro lado, o conhecimento das causas e de algumas especificidades sobre o tema (sobretudo com equipes técnicas que atuam na questão) é justamente a base para a prevenção a demandas da pulsão suicida.
Dessa forma as políticas de saúde atuais abordam o tema pautadas na valorização da vida e em desmistificar o tema. A primeira medida então passa pelo processo de educação ao cuidado de saúde, o que nós especialistas temos tratado como “literacia em saúde mental”, ou seja, ter um suficiente entendimento de como o processo saúde-doença funciona nas pessoas e, sobretudo, em si próprio, consequentemente fazendo uso desses conhecimentos em prol do autocuidado.
As causas do suicídio podem ser de naturezas diversas e situações das mais diferentes que se possam imaginar. Todavia infelizmente não são casos raros. Dados de uma pesquisa da Unicamp, apontam que 17% dos brasileiros, em algum momento, já pensaram seriamente em dar um fim à própria vida e, desses, 4,8% chegaram a planejar o ato. Em muitos casos, é possível evitar que esses pensamentos suicidas se tornem realidade e dessa forma nos voltamos para fazer a prevenção do suicídio focados nos sinais e sintomas iniciais do estresse e situações complexas que vivenciamos.
É necessário, então, sensibilizar para o cenário de saúde mental que estamos lidando na atualidade e nos contextos pessoais de cada um. Como aponta o filósofo Byung-chul Han, o excesso da carga e situações estressoras estão produzindo uma sociedade do cansaço, onde se acumulam diversas patologias. Mas é preciso cautela para analisar caso a caso. Por isso se faz necessário alertar a necessidade de se trabalhar os riscos psicossociais e trazer à tona a gravidade de casos peculiares que, por ventura, cada um vivencia em seus contextos. Afinal, cada ser humano tem sua singularidade.
O cuidado à saúde mental coorporativa vem sendo cada vez mais valorizado, tanto pela conscientização das pessoas sobre a importância desse cuidado, como pela co-responsabilização das Organizações e redução de passivos de natureza trabalhista e produtiva frente a complexidade que as demandas psicológicas impõem. O Sesi, então, dispôs aos seus clientes um pacote de serviços para Gestão de Riscos Psicossociais na Indústria, desde palestras e capacitações à assessorias e consultorias. No âmbito corporativo, as ações requisitam um know-how técnico assertivo protegendo a saúde do colaborador e o accountability da Companhia.
Por fim, olhando para nós mesmos, no cuidado à saúde mental é preciso lidarmos com nossas experiências e emoções encontrando pontos sustentáveis para cada situação que nos propomos a viver, enfrentar, evitar ou se afastar, dessa forma não só prevenindo o suicídio, mas sobretudo valorizando a vida.